por Dra. Bercina Candoso,
Presidente da Secção Portuguesa de Uroginecologia
PREVALÊNCIA DA IU
A incontinência urinária (IU) é comum, especialmente entre mulheres, afectando cerca de metade da população feminina adulta em algum momento da vida. É três vezes mais comum em mulheres do que em homens e sua prevalência aumenta com a idade.
Existem diferentes formas de IU, com prevalências variáveis:
Esses números podem variar dependendo dos estudos e das populações analisadas. É crucial que as mulheres que sofrem de IU procurem orientação médica para um diagnóstico e tratamento adequados.
IMPACTO
A incontinência urinária (IU) pode não estar directamente ligada a um aumento na mortalidade, mas tem um impacto significativo no bem-estar e na qualidade de vida, especialmente entre as mulheres:
Impacto psicológico: Mulheres com IU frequentemente enfrentam depressão e ansiedade devido aos desafios emocionais e sociais associados à condição, o que pode levar a disfunções sexuais e baixa autoestima.
Dificuldades no trabalho: A IU pode afectar a capacidade de trabalhar devido à necessidade de pausas frequentes para urinar, resultando em problemas de produtividade e até mesmo absenteísmo.
Isolamento social: O constrangimento relacionado à IU pode levar as mulheres a isolarem-se socialmente, evitando situações onde sintam falta de controle sobre a micção.
Complicações físicas: Isso inclui infecções perineais devido ao uso prolongado de absorventes, distúrbios do sono pela necessidade de urinar durante a noite e um aumento do risco de quedas e fracturas, especialmente em idosos com IU de urgência.
FACTORES DE RISCO
É importante reconhecer os factores de risco para incontinência Urinária (IU), assim como os métodos de diagnóstico e tratamento específicos para cada tipo de IU. Alguns factores de risco incluem idade avançada, obesidade, gravidez e parto vaginal, menopausa, terapia hormonal de substituição, histerectomia, exercícios de alto impacto, diabetes e condições neurológicas.
A incontinência urinária de esforço (IUE), está associada à diminuição da função dos músculos do pavimento pélvico, o que pode afetar diretamente o bem-estar e a qualidade de vida das mulheres.
TRATAMENTO
Para tratar a incontinência urinária de esforço (IUE), quando medidas conservadoras como reabilitação do pavimento pélvico, perda de peso e cessação do tabagismo não são suficientes, o tratamento cirúrgico pode ser considerado, como a colocação de uma sling suburetral. Esse procedimento minimamente invasivo proporciona suporte à uretra, melhorando a continência urinária. Esta técnica tem altas taxas de sucesso, não sendo isenta de riscos.
Para tratar a bexiga hiperactiva
Mudanças no estilo de vida, como evitar alimentos e bebidas irritantes incluindo evitar certos alimentos (enchidos, picantes, chocolate), bebidas irritantes da bexiga (café, chá preto, chá verde, refrigerantes, bebidas alcoólicas e bebidas ácidas), aumentar a ingestão de água e praticar exercícios físicos, são recomendadas.
Sempre que as doentes refiram aumento da frequência ou necessidade de recorrer muitas vezes à casa de banho precedida de sintomas de urgência, devem ser ensinadas técnicas de relaxamento para controlar essas idas excessivas.
Se não forem eficazes, o tratamento farmacológico com antimuscarínicos ou beta-3 agonistas pode ser prescrito. Opções mais invasivas incluem injeção de toxina botulínica na bexiga ou neuromodulação, estimulando os nervos para controlar os sintomas.
GRAVIDEZ COMO FACTOR DE RISCO
Durante a gravidez, as mudanças fisiológicas e anatômicas podem aumentar o risco de incontinência urinária de esforço (IUE) devido à pressão adicional exercida pelo útero sobre a bexiga e os tecidos circundantes. O estiramento muscular e nervoso durante o parto pode comprometer os músculos e ligamentos do pavimento pélvico, contribuindo para disfunções a longo prazo.
Para reduzir esse risco, é importante:
Adiar a busca por ajuda pode resultar em complicações futuras, portanto, uma avaliação médica especializada é essencial.
COMBATER A OBSTIPAÇÃO
O combate à obstipação é essencial para melhorar o conforto gastrointestinal e os sintomas da bexiga hiperactiva. Algumas medidas incluem:
Ingestão adequada de água: Consumir 1,5 a 2 litros de água por dia para manter as fezes macias e facilitar o funcionamento intestinal.
Exercício físico regular: Praticar exercícios diários, como caminhar por 20 a 30 minutos, pode estimular o intestino e aliviar a obstipação.
Revisão da medicação: Alguns medicamentos podem causar obstipação como efeito colateral, sendo importante consultar um médico para avaliar alternativas. Alimentos ricos em fibras: Mirtilos, ameixas secas, aveia, cereais integrais e outras opções podem promover a regularidade intestinal.
Exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico: Fortalecer os músculos do pavimento pélvico pode ajudar no controle da incontinência urinária, incluindo a bexiga hiperativa. Estes exercícios devem ser praticados isoladamente em várias posições e situações.
O tratamento da obstipação deve ser personalizado, considerando a gravidade e as causas individuais.