No dia 28 de maio, celebra-se o Dia Internacional pela Saúde da Mulher, uma data que visa sensibilizar para as especificidades da saúde feminina e promover a equidade no acesso a cuidados médicos. Em Portugal, embora as mulheres apresentem uma maior esperança de vida, as desigualdades em saúde persistem, refletindo-se em diversas áreas.
Apesar de viverem, em média, mais tempo do que os homens, as mulheres em Portugal enfrentam uma maior carga de doenças crónicas e limitações na realização de atividades diárias. Em 2022, 47% das mulheres reportaram ter algum tipo de doença crónica, comparado com 42% dos homens. Além disso, 38,2% das mulheres apresentaram limitações nas atividades diárias devido a problemas de saúde, uma diferença de 9% em relação aos homens.
Alguns dados sobre a saúde da mulher ao longo da vida ajudam-nos a entender um pouco melhor a realidade portuguesa e a perceber o que pode e deve de ser melhorado.
A taxa de fertilidade em Portugal é de 1,4 filhos/mulher, abaixo da média da UE de 1,5 f ilhos/mulher. 45,1% das mulheres e 58,5% dos homens adiaram o nascimento do primeiro filho mais do que desejavam. O adiamento foi de pelo menos 5 anos em 36% das mulheres e em 47% dos homens.
Em Portugal, o uso de contracetivos em 2015 foi de 94,5%, sendo a pílula o método mais utilizado. Desde 2007, o aborto é legal por opção da mulher. Progressivamente, o número de abortos decresceu, tendo subido 12% em 2022 e 3% em 2023.
A cobertura vacinal contra o HPV (vírus do papiloma humano) com as doses recomendadas até aos 15 anos é de 91%, o que coloca Portugal na liderança na União Europeia.
No entanto, em Portugal, cerca de 12% das mulheres em idade fértil ainda não têm um acesso fácil a unidades de obstetrícia, com distâncias superiores a uma hora de viagem.
Além disso, a mortalidade por cancro ginecológico é uma preocupação crescente. Anualmente, cerca de 3.000 mulheres são diagnosticadas com cancro ginecológico em Portugal, sendo que muitos desses casos são detetados em estágios avançados devido à natureza silenciosa da doença.
Em termos de saúde mental, as mulheres apresentam taxas mais elevadas de doenças como depressão e ansiedade (38,2% das mulheres, face a 24,7% dos homens).
Finalmente os estudos indicam que as mulheres são diagnosticadas mais tardiamente em relação a cerca de 700 doenças, o que pode afetar negativamente o prognóstico e a qualidade de vida.
As mortes por doença do aparelho circulatório (total de 34.593 mortes) afetam mais as mulheres (55,4%) do que os homens (44,6%) assim como as doenças cerebrovasculares que afetam 57,0% e 43,0% homens.
O Dia Internacional pela Saúde da Mulher é uma oportunidade para refletir sobre os avanços e desafios na promoção da saúde feminina em Portugal. É essencial que as políticas públicas e os serviços de saúde considerem as especificidades das mulheres, promovendo a equidade no acesso e tratamento, e combatendo as desigualdades que ainda persistem. A valorização da saúde da mulher é fundamental para garantir uma sociedade mais justa e saudável para todos.
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Esta é uma mensagem conjunta de: Sociedade Portuguesa de Contracepção, Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução, Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Associação Portuguesa de Diagnóstico Pré Natal, Ponto G, e Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia.
Fontes: